segunda-feira, 23 de maio de 2005

Contratando talentos

Quando me perguntam as características principais das pessoas com quem trabalho, não tenho dúvidas para responder: elas assumem riscos, trabalham muito e são éticas. Na minha opinião, essas são as características mais importantes para construir um time vencedor. Por isso, ao contratar, sempre procuro talentos que tenham esses comportamentos.
Pessoas vencedoras possuem alguns denominadores em comum. Em especial, o desejo, a vontade de se arriscar. Algo fundamental. Porque, se analisarmos bem, concluiremos que a própria essência do negócio está relacionada ao fato de se assumir riscos calculados no futuro.

Trabalhar com afinco e intensamente, dedicar-se e gostar do que faz são outras qualidades que também valorizo muito em um profissional. Conheci inúmeras pessoas muito inteligentes, super-dotadas e até alguns gênios. Que não necessariamente alcançaram o sucesso.

Em contrapartida, conheci pessoas que mais se destacavam pelo esforço e comprometimento com os planos e metas de trabalho. Como resultado, elas acumulam várias histórias de êxito em suas carreiras. Ao contrário do que muitos acreditam, inteligência não é sinônimo de sucesso. O segredo está em trabalhar duro e manter esforço contínuo.

Há ainda uma outra característica que busco em um colaborador que pretenda integrar minha equipe. Falo da curiosidade, da curiosidade indiscriminada. A maioria das pessoas criativas gostam de fazer coisas diferentes, procuram inovar e fugir da “mesmice” do dia-a-dia. São extremamente curiosas e atentas para tudo na vida. Sem falar que mentes criativas são como reservatórios onde idéias são armazenadas e podem ser resgatadas posteriormente de forma lógica, sensível e disciplinada.

Além de tudo isso, procuro energia, um fator que não deve faltar nunca em um profissional. Liderança pressupõe energia. É preciso energia para motivar as pessoas, para focar nas prioridades e principalmente para obter resultados. Aí está uma característica que agrega grande valor quando esse profissional de dispõe a assumir os riscos de que falei no início.

Uma vez identificadas essas qualidades, é preciso pensar globalmente e considerar que a diversidade é indispensável. Não opte por montar um time com pessoas iguais. Prefira compô-lo com perfis distintos entre si. Assim, colherá novas idéias o tempo todo.

Também evite contratar pessoas “espelho”, isto é, que sejam idênticas a você. Embora seja muito mais fácil gerenciá-las e conviver com elas, essa alternativa minimiza a chance de serem sugeridas inovações. Afinal todos tendem a pensar da mesma forma.

Particularmente, acredito muito no conflito criativo e reitero: pessoas criativas têm mais sucesso em um ambiente provocativo, onde o desafio é estimulado. Não estou falando de confronto direto, no sentido pejorativo, agressivo e hostil. Falo de um conflito saudável, que provoca a busca por novas idéias através de um processo maduro de discussão.

No dia a dia, encorajo meu time a ousar, pensar “fora do quadrado”, ressaltando sempre que não existem penalidades caso eles não obtenham o êxito esperado. De algum modo, até mesmo estimulo que falhem porque acredito que errar ainda é a melhor maneira de se aprender. Parto do princípio de que só erra quem assumiu riscos. E de que nem sempre a falha implica em fracassos, ainda que existam mais fracassos do que sucessos quando as situações são de alto-risco.

Diferenciemos aqui, no entanto, os erros esperados, isto é, aqueles que vêm eventualmente como conseqüência dos riscos assumidos, dos erros irresponsáveis. Porque mesmo sob a ótica mais moderna de gestão, as empresas não toleram pessoas desonestas, descompromissadas, que falham por falta de ética ou de moral.

A longo prazo, assim como ocorre no âmbito pessoal, as companhias mantém com seus colaboradores uma relação sustentada em confiança – que, uma vez perdida, dificilmente consegue ser recuperada.

Diante disso, qual seria então a fórmula ideal para encontrar o perfil mais indicado para compor uma equipe? Além de priorizar as características de que já falamos, aliadas à ousadia, dedicação, diversidade e foco nos resultados, minha sugestão é agir com bom senso e com bom humor. Sempre.

Preocupo-me muito quando vejo um líder sem esse perfil. Porque não acredito em bons líderes que não tenham senso de humor. Lembro sempre meu time: se não estiverem se divertindo com o que fazem, é porque algo está errado. E precisa ser revisto imediatamente.

Nenhum comentário: